Os participantes do Big Brother Brasil 20 Mari Gonzalez e Felipe Prior foram gravados ontem (26) banalizando o abuso sexual de animais e tratando a prática cruel com ironia e naturalidade. O diálogo teve início quando Felipe, que é engenheiro, disse que muitos dos seus subordinados confessavam estuprar animais. “Os peões da obra falaram que no Nordeste mandavam bala. Meu funcionário diz que chega na obra e fala ‘quem nunca deu um talento na cabrinha’, os caras dizem que a cabra até grita o nome”, disse o participante.
Surpreendentemente, o comentário não é tratado com repúdio, mas normalizado por Mari, que considera legítimo que seres humanos pratiquem zoofilia. “Tem gente que fica excitada mesmo. É anormal para nós, mas é normal para a pessoa e tudo bem também se a pessoa quer ‘comer'(palavra pejorativa para ato sexual) um animal”, diz a moça, que a aos risos ainda questiona se pessoas que abusam sexualmente de animais usam preservativo.
A conversa absurda gerou inúmeras reações negativas nas redes sociais. “Sei lá, só queria falar uma coisa: Não existe sexo entre homem e qualquer animal, o nome disso é estupro. Zoofilia é crime, não é normal, nem ok um homem estuprar um animal inocente que só tem relação com outros por instinto de reprodução. Não é normal, é desumano, sujo”, se manifestou uma internauta no Twitter. “Gente, zoofilia é crime, quem pratica isso não é doente, é criminoso, não tem como passar pano para isso, isso não deveria nem ser comentado e de uma forma tão natural assim, é repugnante!”, disse outra usuária da rede.
O protetor e ativista Armandinho Ferreiro usou seu perfil no Facebook para repudiar o episódio. “Zoofilia é doença! Em 18 anos de ativismo animal nunca havia visto uma barbaridade dessa tão escrachada! Isso é crime e incita pessoas com doença de zoofilia acharem que é normal! Luto a mais de anos para tornar zoofilia crime hediondo, essa é minha luta! Absurdo! Vou procurar os direitos para eles! Vou até o inferno, mas isso não ficará assim! Que vergonha @redeglobo @bbb”, diz a postagem.
A atriz Alexia Dechamps usou seu perfil no Instagram para criticar os participantes e o programa. “Parabéns @bbb e todos os participantes da rodinha! Se acha normal ou se acha graça, pelo menos guarda pra si, porque o alcance é nacional! Não existem algumas recomendações aos participantes? Cara, só consigo pensar na cadela abusada de anteontem. Que nojo dessa irresponsabilidade! Deus do céu! Sabe o que é pior? Um deles ainda vai ganhar um milhão e meio de reais, e a gente aqui fazendo campanha de 5,00 reais para pagar o tratamento da cadela abusada dias atrás”, critica a artista que também é ativista pelos direitos animais.
Lamentável, mas não inédito
Em março de 2017, durante a exibição do BBB 17, os integrantes do reality show Emily, Ilmar e Marcos debocharam de um caso de zoofilia. Segundo Ilmar, um vizinho da região onde mora foi flagrado pela esposa abusando de uma cadela no quintal: “Um outro vizinho foi pego transando com uma cadela. O cara foi proibido de chegar perto da cadela”, contou. Depois de fazer seus colegas rirem, Ilmar imitou como se fosse cômico, os sons emitidos pelo animal durante o abuso. A Rede Globo não se pronunciou. Relembre o caso aqui.
Projeto de lei
Um projeto do lei de 2012 do deputado federal Ricardo Izar (PP) pede o agravamento da pena de crimes de maus-tratos quando identificados casos de zoofilia. O PL 3141/12 altera a atual lei de crimes ambientais e inclui o abuso sexual de animais como prática de maior teor ofensivo. O projeto foi aprovado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável com unanimidade em 2018 e atualmente aguarda apreciação do Senado Federal.
Crime
No Brasil, crimes contra animais estão previstos na lei 9.605 de 1998. Uma vez acusado, o responsável pode ser punido com multa e até um ano de detenção. No entanto, em uma entrevista à Agência de Notícias de Direitos Animais, o advogado criminalista e consultor da ANDA Sérgio Tarcha explica que existe um novo projeto que torna a pena de crimes de maus-tratos mais rigorosa.
Segundo Tarcha, apesar de trazer avanços, crimes contra animais ainda não são vistos com gravidade pela Justiça. “A pena, hoje, é de 3 meses a 1 ano de detenção, ou seja, é nada. A lei que regula a matéria é a lei de crimes ambientais, 9.605/98, a nova lei, 11.210/18, que já foi aprovada pelo senado eleva para 1 a 4 anos de detenção, mais a multa. Ainda continua muito branda a legislação, em outros países é muito mais severo”, disse.
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